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Como são as construções na cidade mais fria do mundo?

por Taina Bueno

Yakutsk, capital da República Sakha da Rússia, no leste da Sibéria, já é amplamente identificada como um dos lugares mais frios do mundo.

Para piorar, no último mês de janeiro, grande parte da Rússia está experimentou temperaturas baixíssimas além do normal, e Yakutsk está passando por uma onda de frio anormalmente longa e quebrou seu próprio recorde de duas décadas: as temperaturas na cidade mais fria do mundo caíram para 62,7 °C negativos.

Janeiro é o mês mais frio da cidade e, embora a maioria esteja acostumada a temperaturas congelantes, os moradores da região remota sempre tomam precauções extras para se aquecer.

Mas afinal, para temperaturas tão baixas, como as construções são feitas por lá? No post de hoje, vamos explorar Yakutsk, a cidade mais fria do mundo, do ponto de vista da engenharia.

A cidade de Yakutsk tem uma mistura de edifícios altos e modernos, blocos de apartamentos da época soviética e antigas casas de madeira.

Muitos desses edifícios são coloridos, em um esforço para combater a depressão e fornecer pontos de referência em condições de baixa visibilidade.

De acordo com a Universidade Federal do Nordeste em Yakutsk, o ar quente vindo de casas e edifícios também causa uma “névoa habitacional”, porque o ar é tão frio que não consegue subir e ser trocado pelo ar quente.

Abrigar pessoas e transportar mercadorias não é fácil por lá, quando suas temperaturas médias mensais variam de 19,9 °C em julho a -37,0 °C em dezembro. Para se ter uma ideia, a temperatura mais baixa já registrada na cidade foi de -64,4 °C.

As tubulações de Yakutsk precisam ser construídas acima do solo devido ao permafrost. Creative Commons License.

Sob o solo congelado

Yakutsk é a maior cidade do mundo construída completamente sobre o permafrost.

Essa camada de solo congelado, o permafrost, tem centenas de metros de profundidade que nunca derrete. Isso requer que a maioria das estruturas seja construída sobre palafitas ou estacas, de modo que o calor dos edifícios não derreta as camadas abaixo e cause instabilidade.

Especialistas da Universidade Federal da Sibéria explicam que, na verdade, não há diferenças específicas entre as técnicas construtivas nestes casos de locais muito frios, mas há peculiaridades.

Para construir por lá, todos os conceitos gerais da construção são baseados nas leis fundamentais da física. Em primeiro lugar, é necessário fornecer o isolamento térmico sustentável – ou seja, a aplicação de diagramas estruturais bem ponderados dos edifícios, evitando desvios térmicos, o uso de materiais eficientes e técnicas de preservação de energia.

Existem, no entanto, requisitos específicos para o contato da edificação com o solo, e, por isso, estacas específicas foram desenvolvidas por especialistas da universidade.

Graças a essa tecnologia, uma broca especial corta o permafrost antes que a gaiola reforçada seja colocada dentro e depois preenchida com concreto.

Atualmente, a indústria também usa compostos de concreto modernos, que não congelam durante o derramamento. Anteriormente, o solo precisava ser descongelado por vapor durante meses para que as estacas fossem inseridas, ou seja, as contruções demoravam muito tempo além do normal.

Exemplo de estacas perfuradas sob o permafrost. Imagem de: Siberia Federal University.

Pesquisas feitas por lá também demonstram que é o meio da temporada com mudanças bruscas de temperatura negativas e positivas, e não o inverno, que apresenta o maior perigo para as estruturas. Como a irrigação em tais condições leva ao congelamento da estrutura, os arquitetos e engenheiros consideram a proteção de um edifício contra o acúmulo de precipitantes em suas estruturas e elementos.

Embora a temperatura extrema, a população de aproximadamente 355.500 habitantes de Yakutsk faz dela uma das cidades regionais de crescimento mais rápido da Rússia. A cidade ainda atrai viajantes aventureiros que desejam experimentar a vida no lugar mais frio do mundo.

A cidade siberiana de Yakutsk no inverno rigoroso. Creative Commons License.

Fontes: ReadSiteNews, CNN e Siberia Federal University.

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