A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) programou para 30 de setembro o A-5, um cronograma de leilões de projetos de geração de energia.
O certame visa a contratação de energia elétrica gerada por novos empreendimentos a partir de fontes hidrelétrica, eólica, solar fotovoltaica, termelétrica a biomassa, a carvão mineral nacional, a gás natural e de tratamento de resíduos sólidos urbanos.
Dessa vez, pela primeira vez na história, o leilão inclui também a energia a partir do lixo (energia de tratamento de resíduos sólidos urbanos) e traz boas perspectivas para o segmento no Brasil.
As licitações poderão viabilizar usinas geradoras de eletricidade a partir de resíduos sólidos, como já é feito em vários países.
Aproveitamento energético
Segundo dados da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), quase 80 milhões de toneladas de lixo por ano são produzidas no Brasil, e vão para aterros sanitários.
Além dos riscos ao meio ambiente e à saúde pública, isso também significa uma oportunidade perdida na geração de energia. Os resíduos poderiam funcionar como fonte de energia, como é feito em vários países.
Pelo levantamento, há no Brasil um potencial de instalação de 120 unidades geradoras de energia a partir do lixo nas 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes.
Juntas, teriam potência instalada de 2.358 megawatts (MW), em condições de suprir 3% da demanda nacional de energia.
Esses empreendimentos também poderiam gerar empregos, com investimentos de R$ 75 bilhões nos próximos anos.
Projetos existentes
Waste-to-Energy, ou energia de resíduos, é o processo de geração de energia na forma de eletricidade e/ou calor a partir do tratamento primário de resíduos ou do processamento de resíduos. As usinas de transformação de resíduos em energia geralmente queimam resíduos sólidos urbanos (RSU), para produzir vapor em uma caldeira que é usada para gerar eletricidade.
O Japão é o país com maior número de usinas que produzem energia do lixo no mundo, com 1.063 unidades geradoras. Em seguida vem a China com 419, a Coreia do Sul com 218, a França com 127 e a Alemanha com 98 unidades.
No Brasil, o número de projetos ainda é limitado, e o país está entre os mais atrasados na gestão de resíduos sólidos urbanos.
No entanto, com o leilão previsto para setembro, especialistas da área acreditam que mais investimentos e projetos farão o setor crescer no Brasil.
De acordo com a Aneel, 12 projetos de termelétricas a resíduos sólidos que somam 315 MW de capacidade foram inscritos no leilão A-5, que negociará energia para suprimento a partir de 1º de setembro de 2026.
A Abren acredita, porém, que o certame vai se concentrar em três projetos com licença ambiental garantida, que somam 131 MW: a URE Barueri, em São Paulo, com 20 MW; a URE Caju (Rio de Janeiro, 31 MW); e a URE Mauá, do Grupo Lara (São Paulo, 80 MW).
Fonte:
Oliveira, E. Energia a partir do lixo: Brasil terá cronograma de leilões a partir de setembro. OGlobo.com. Julho, 2021.