Em meados de julho deste ano, Dubai virou notícia devido a vídeos circulando na internet onde a cidade aparecida sob uma forte chuva (veja o vídeo abaixo).
A metrópole, que pertence aos Emirados Árabes Unidos (EAU), fica no meio do deserto, tem 2,3 milhões de habitantes e não é acostumada com chuva.
Os Emirados Árabes é um dos países mais áridos do mundo, com média de chuva anual perto de 100 milímetros. Para se ter uma ideia, o sertão nordestino tem uma média de chuva maior, de 700 milímetros por ano.
A chuva que apareceu nos vídeos em Dubai, portanto, não é natural, mas sim gerada artificialmente.
Os árabes utilizaram uma técnica chamada de “semeadura de nuvens”, que, na verdade, não é nova.
Os Estados Unidos foram os primeiros a desenvolver a tecnologia, logo após a Segunda Guerra Mundial.
Desde então, mais de 50 outros países iniciaram programas de modificação do clima, incluindo os Emirados Árabes.
O que é
A semeadura de nuvens é uma forma de controle do clima. Com ela, podem ser alteradas a quantidade ou o tipo de precipitação meteorológica que cai de nuvens.
O principal objetivo da técnica é aumentar a precipitação, mas a supressão de granizo também é bastante praticada.
Como ocorre
As técnicas para fazer chover podem variar, mas o processo geralmente envolve aviões que lançam algumas substâncias nas nuvens, como iodeto de prata, iodeto de potássio e dióxido de carbono sólido.
Essas substâncias, que possuem uma estrutura cristalina semelhante à do gelo, induzem a “nucleação por congelamento”, processo natural que ocorre nas nuvens e que faz chover.
No entanto, de forma pioneira, no dia 15 de julho os Emirados Árabes Unidos testaram uma forma de semeadura que utiliza drones capazes de aplicar descargas elétricas nas nuvens, sem recorrer, portanto, a agentes químicos.
Em Dubai, com os termômetros marcando temperaturas acima de 48 graus Celsius, os drones foram utilizados para aplicar cargas elétricas nas nuvens. Essas cargas estimulam as pequenas gotículas a colidir umas com as outras, e a se condensar em gotas maiores, que eventualmente ficam pesadas o suficiente para cair como chuva.
Em um país como os Emirados Árabes Unidos, no entanto, mesmo grandes gotas podem evaporar antes de atingir o solo devido à umidade muito baixa.
A técnica de carga elétrica pode ajudar a engrossar essas gotas o suficiente para atingir o solo do deserto e repor o lençol freático.
China na liderança
Embora os Emirados Árabes Unidos tenham sido noticia internacional, é a China que está assumindo a liderança no aspecto da semeadura de nuvens.
Em janeiro, a China realizou com sucesso o primeiro voo de seu drone de modificação do clima, o Ganlin-1, lançando produtos químicos catalisadores de chuva, e já indicando o progresso que estava fazendo na redução dos custos de semeadura de nuvens e, ao mesmo tempo, melhorando a eficiência.
Em dezembro do ano passado, Pequim revelou planos para cobrir cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados (60 por cento da massa terrestre da China) com seu programa de semeadura de nuvens até 2025.
Fontes:
Emirados Árabes usam drones para criar chuva artificial contra onda de calor. HystoryBrasil. Julho, 2021.
From UAE to China, countries counter sweltering heat with artificial rain – but does it come at a cost? Mirror Now Digital. Julho, 2021.