\

Ponte bilionária de R$ 10 bilhões que vai ligar 250 municípios 

Projeto histórico deve interligar Salvador à Ilha de Itaparica com a maior ponte da América Latina sobre lâmina d’água, enquanto consórcio chinês avalia criar uma estrutura provisória inédita no Brasil para transportar equipamentos e baratear os custos.

Responsáveis pela construção da Ponte Salvador‑Itaparica, as empresas chinesas China Railway 20th Bureau Group (CRCC20) e China Communications Construction Company (CCCC) estudam uma alternativa inovadora para acelerar o cronograma da obra.

A ideia é erguer uma ponte provisória paralela, que viabilize o transporte terrestre de equipamentos pesados durante a execução do projeto principal.

Com valor estimado em R$ 10,42 bilhões, conforme o aditivo contratual assinado em 4 de junho de 2025, a obra se destaca como uma das mais ambiciosas da América Latina.

Durante o lançamento dos editais do Tramo IV do Metrô de Salvador, no dia 9 de junho, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, explicou que a proposta pode baratear custos e reduzir prazos significativamente.

Ao invés de depender exclusivamente de embarcações, os equipamentos seriam levados por caminhões através dessa estrutura temporária.

“O estado sinalizou que toda tecnologia é possível. […] Se for para encurtar prazo e reduzir custo, está ótimo”, disse Rui Costa.

 Foto: Divulgação/Concessionária Ponte Salvador-Itaparica

 

Desafios técnicos da ponte Salvador-Itaparica

Com 12,4 km de extensão sobre a Baía de Todos‑os‑Santos, a ponte será a maior do tipo na América Latina, superando a icônica Rio‑Niterói, que possui 8,8 km sobre a água.

A sondagem do solo, finalizada em abril de 2025, marcou um avanço inédito na engenharia nacional: foram 200 metros de perfuração, enfrentando profundidade de até 65 metros em áreas geologicamente instáveis.

Esse terreno desafiador exigiu o uso de plataformas flutuantes equipadas com sistemas anti‑balanço, garantindo precisão durante as perfurações.

 

Tecnologia chinesa como diferencial

Inspirado na ponte Hong Kong‑Macau, de 56 km, o projeto baiano utiliza soluções já aplicadas em megaestruturas asiáticas.

As empresas responsáveis possuem reconhecimento internacional e trazem ao Brasil a mesma expertise que empregaram em obras de grande escala.

Com base no modelo de Parceria Público‑Privada (PPP), a concessão permite a adoção total dessa tecnologia, desde que os custos não ultrapassem o teto estabelecido no contrato.

 

Negociação contratual pós-pandemia

O orçamento inicial da ponte, de R$ 7 bilhões, precisou ser revisado após os impactos econômicos provocados pela pandemia de Covid‑19.

À época, o consórcio solicitou a elevação para R$ 13 bilhões, alegando aumento expressivo nos custos dos insumos da construção civil.

Foi o Tribunal de Contas do Estado da Bahia que intermediou as negociações, resultando no valor final de R$ 10,42 bilhões.

O contrato também define um prazo de até 12 meses para início das obras e previsão de seis anos para a conclusão.

Foto: Divulgação/Concessionária Ponte Salvador-Itaparica

 

Infraestrutura e impacto regional

Além da ponte, o projeto inclui dois túneis, quatro viadutos e 30 km de duplicação na rodovia BA‑001, no município de Vera Cruz. Essa integração reduzirá em cerca de 100 km a distância entre Salvador e a Ilha de Itaparica.

Mais de 250 municípios devem ser beneficiados, impactando positivamente a vida de aproximadamente 10 milhões de pessoas. A expectativa é de geração de 7 mil empregos diretos e indiretos, fortalecendo setores como o turismo, o comércio e o agronegócio.

Frutas, celulose e cacau produzidos no interior do estado terão escoamento mais ágil rumo ao Sudeste brasileiro. De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), a ponte deve provocar um salto no PIB regional. Complementando esse avanço, o governo federal articula o Sistema Viário Oeste (SVO), conectando a BA‑001 às BRs 101, 116 e 242.

 

Medidas ambientais e sociais

O consórcio prevê R$ 200 milhões em programas socioambientais e educacionais nas regiões afetadas pela obra.

A população local será beneficiada por cerca de 40 iniciativas nas áreas de qualificação profissional, inclusão digital, turismo e cultura. Com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), foi iniciado o Plano Básico Ambiental Quilombola (PBAQ), assegurando direitos territoriais e compensações às comunidades tradicionais.

O plano também contempla a preservação de manguezais, a proteção da vegetação nativa e o monitoramento de atividades pesqueiras.

Foto: Divulgação/Concessionária Ponte Salvador-Itaparica

 

Etapas e expectativa de entrega

Agora que o novo contrato está em vigor, o consórcio tem até junho de 2026 para iniciar os canteiros em Salvador e Vera Cruz. O cronograma estima entrega total até 2032, desde que não haja novos entraves jurídicos, ambientais ou financeiros. Enquanto a estrutura principal não avança, a proposta da ponte provisória surge como caminho viável para acelerar etapas logísticas e reduzir dependência marítima.

Embora ainda precise de aprovação técnica, a estrutura temporária pode ser decisiva para o sucesso da obra. Diante da complexidade da construção e dos altos investimentos, o projeto já se configura como um marco na infraestrutura nacional.

Related posts

Sobha da Índia construirá projeto de luxo com seis torres em Dubai

Skanska construirá estação de metrô de Oslo por US$ 160 milhões

Conheça o túnel mais longo e profundo do mundo