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Olimpíadas de Tóquio: como o Japão se preparou para eventuais terremotos

Uma das grandes preocupações das Olimpíadas de 2020/2021, com data de início para essa sexta-feira (23/07), é com a COVID-19. Por isso, o governo de Tóquio preparou rígidos protocolos de segurança, incluindo testagem diária dos atletas e equipes.

Mas essa não é a única preocupação japonesa.

Muito antes da pandemia, a grande preocupação para a realização segura das olimpíadas era com os terremotos. 

O Japão, que sabe bem dos riscos de um terremoto, tem departamentos inteiros do governo dedicando-se aos detalhes para uma resposta rápida no caso de tremores. Alunos de escolas e funcionários de escritórios, por exemplo, realizam simulações rotineiramente, e arquitetos e construtores projetam edifícios altos que podem até balançar, mas não cair.

Se tratando das olimpíadas, a preparação não foi diferente.

Equipe de prevenção e ação

O Japão costuma medir os sismos usando a Escala de Intensidade Sísmica da Agência Meteorológica do Japão, que vai de 0 a 7. Grau 1 significa que algumas pessoas em um quarto tranquilo poderão senti-lo; 3 é quando a maioria das pessoas no seu interior pode sentir o movimento, e no 5 é esperado que pratos caiam das prateleiras e os móveis também.

Como forma de preparo, todos os novos edifícios no Japão, inclusive os locais das competições, estão sujeitos a padrões rigorosos de prevenção. As novas construções foram pensadas para suportar um terremoto de 6,0 ou mais de magnitude nessa escala.

Em Tóquio, Akimori Fukao, diretor de resistência aos terremotos na divisão de edifícios urbanos da capital, disse que o governo trabalhou com os proprietários dos edifícios para reforçar as estruturas mais antigas, particularmente ao longo das principais ruas da cidade onde os organizadores estavam preocupados com os escombros que poderiam atravancar as passagens usadas pelos veículos de emergência.

Contudo, se ocorrer um terremoto de 4 ou mais graus da escala sísmica japonesa – com um possível 7 – os organizadores muito provavelmente pedirão uma suspensão temporária dos jogos, para que os mais de 12 mil engenheiros da agência possam verificar as condições e a integridade estrutural dos edifícios.

O governo também montou um esquema de prontidão em caso de terremoto e aplicativos de resposta em 14 línguas, além de planos para colocar cartazes com as informações nos aeroportos, estações ferroviárias e hotéis aconselhando os visitantes a baixá-lo.

Tecnologia anti-sísmica

A arena de vôlei Ariake, por exemplo, de 340 milhões de dolares, foi projetada para ter “almofadas” gigantes de borracha, que podem absorver os choques provocados por tremores, e mantê-la segura mesmo durante terremotos violentos, além de ser certificada para uso como abrigo.

Além dessa arena, a tecnologia de proteção contra terremotos também foi usada no Centro Aquático de Tóquio, onde serão realizadas competições de natação, mergulho e natação artística.

Arena Ariake. Fonte: Arne Müsele/Wikipedia.

O sistema, fornecido pela empresa Bridgestone, é composto pelos chamados isoladores de base, que geralmente possuem uma borracha imprensada entre placas de metal, às vezes apresentando um núcleo de chumbo. Essa estrutura fica embaixo dos edifícios, para permitir que as estruturas balancem suavemente com a atividade sísmica, e não colapsem.

Isoladores de base. Fonte: Bridgestone/Archpaper.

Fontes:

Branch, J e Rich, M. Tóquio anuncia que está pronta para a covid-19. Mas e os terremotos? NewYorkTimes. nytimes.com/2021/06/30/sports/olympics/tokyo-olympics-covid-earthquake.html. Junho, 2021.

Horgan, R. Tokyo Olympic stadiums made ‘earthquake-ready’. NewCivilEngineer. Em: www.newcivilengineer.com/latest/tokyo-olympic-stadiums-made-earthquake-ready-27-06-2019/.

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