Hoje, 25 de outubro, o Brasil comemora o dia nacional do Engenheiro Civil.
Por isso, vamos relembrar alguns dos maiores nomes da engenharia civil de nosso país.
Escolhemos 3 homens e 3 mulheres que, ou construíram estruturas extraordinárias, ou foram essenciais no desenvolvimento e crescimento do Brasil, ou foram pioneiros e desafiaram seu tempo em busca do estudo da engenharia, abrindo caminho para o temos hoje em termos de cálculos, estruturas, transporte, educação e igualdade de gênero na profissão.
João Teixeira Soares
O transporte ferroviário teve imensa relevância para o desenvolvimento do Brasil, e à frente dos principais projetos de ferrovias, estava Teixeira Soares.
O engenheiro iniciou seus estudos na Escola Militar, e formou-se em Engenharia Civil pela Escola Central.
Teixeira Soares foi quem projetou, em 1887, a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, que ligou Itararé no estado de São Paulo a Santa Maria no Rio Grande do Sul, com 1.403 quilômetros de extensão.
Além disso, a construção da Estrada de Ferro Curitiba Paranaguá também teve participação do engenheiro, que liderou também outros projetos ferroviários em todo o país, como Vitória-Minas, onde escoa o minério de ferro, no Estado do Rio, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná, Goiás e São Paulo.
Um de seus projetos mais relevantes foi a construção da Estrada de Ferro do Corcovado na cidade do Rio de Janeiro. Essa ferrovia, inaugurada em 1884 por Dom Pedro II, foi a primeira ferrovia eletrificada do Brasil.
Além de engenheiro, Teixeira Soares era também empresário e economista, e deixou claro em seus anos de trabalho a importância de um bom gerenciamento de obras.
Joaquim Maria Moreira Cardozo
Conhecido como “poeta dos cálculos”, além de engenheiro estrutural, o pernambucano Joaquim Cardozo foi poeta, dramaturgo, professor e editor de revistas.
De 1917 a 1971, seu principal período de trabalho, Cardozo revolucionou a concepção estrutural do concreto armado com seus métodos de cálculo, e colaborou extensamente com o arquiteto Oscar Niemeyer na construção de Brasília.
Entre seus principais projetos estruturais, estão a Catedral Metropolitana de Brasília, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, além dos famosos edifício Copan de São Paulo e conjunto da Pampulha em Belo Horizonte.
Cardozo iniciou seus estudos em 1915 na Escola de Engenharia de Pernambuco, mas formou-se só 15 anos depois, devido a dificuldades econômicas e pessoais.
Além da imensa contribuição do engenheiro na concepção estrutural do concreto armado, o Brasil também foi agraciado com diversos poemas escritos por Cardozo, que conviveu com os poetas modernistas Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, e publicou vários livros entre 1946 e 1975, usando como tema principalmente Recife e o Nordeste brasileiro.
José Carlos Sussekind
Formado em Engenharia Estrutural pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), também fez mestrado em estruturas e fundações pela mesma instituição, em 1970.
Sussekind atuou como professor de Estática das Construções, pela PUC-RJ, de 1970 a 1978, e de Concreto Armado e Concreto Protendido, pelo Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, de 1977 a 1987.
Conheceu o arquiteto Oscar Niemeyer quando trabalhava como estagiário (no quinto ano do curso de engenharia) em um pequeno escritório de cálculo.
Ao longo de sua carreira, o engenheiro trabalhou com Niemeyer durante um longo período e foi o responsável pelos cálculos estruturais de grande parte das obras do arquiteto.
Entre as estruturas calculadas por Sussekind, estão o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, a Cidade Administrativa de Minas Gerais, a sede da Procuradoria Geral da República, a Linha Vermelha e o Museu Nacional de Brasília.
Edwiges Maria Becker Hom’meil
A primeira mulher a se formar engenheira no Brasil foi só 179 anos depois da data de início dos cursos de Engenharia no país.
Edwiges foi a pioneira, primeira engenheira civil do Brasil, formada em março de 1917 pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Embora não haja muitas informações disponíveis sobre a engenheira, ela certamente foi inspiração e abriu caminho na profissão para muitas outras mulheres.
Enedina Marques
Primeira engenheira do estado do Paraná e também a primeira mulher negra a se tornar engenheira no Brasil.
Enedina se formou na Universidade Federal do Paraná no ano de 1945, e, pós formação, foi auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas, também foi chefe de hidráulica, e chefe da divisão de estatísticas e chefe do serviço de engenharia do Paraná, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado.
Além disso, ela trabalhou no Plano Hidrelétrico do estado e atuou no aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu.
A engenheira participou do projeto da Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, a maior central hidrelétrica subterrânea do sul do país – para muitos, esse foi seu maior feito como engenheira.
Alguns dizem que ela levava uma arma na cintura quando ia visitar as obras, disparando tiros para o alto para se fazer respeitar entre os homens da construção.
Evelyna Bloem Souto
Evelyna foi a única mulher a frequentar a primeira turma do curso de engenharia civil da Universidade de São Paulo (USP), no ano de 1957, em São Carlos (São Paulo).
Seu pai foi o primeiro diretor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), e desde pequena sempre se interessou por engenharia, ouvindo seu pai conversando com os colegas engenheiros.
Como aluna na graduação, Evelyna participou de mais de 60 congressos por diversos países e constantemente recebia bolsas de estudos para desenvolver pesquisas em outras universidades, como na universidade de Harvard.
Após se formar, ela continuou suas atividades acadêmicas até adquirir o título de PhD e ministrou aulas de geotecnia na EESC até sua aposentadoria, onde participou da formação de muitos engenheiros.
A engenheira Evelyna enfrentou muitos desafios na profissão por ser mulher. Com a primeira bolsa que conseguiu, em Paris, ela e mais 10 alunos homens foram visitar um túnel que estava sendo feito para ligar a França à Itália. O pessoal da obra, no entanto, não queria que ela entrasse, por ser mulher, e ela teve que se vestir de homem, prender o cabelo e desenhar barba e bigode no rosto para poder verificar as obras em meio aos homens.
Evelyna, assim como Enedina, Edwirges e tantas outras, foram conquistando seus espaços numa engenharia civil dominada por homens e aos poucos abriram passagem para que outras brilhantes engenheiras pudessem exercer também a profissão.
Parabéns pelo dia do Engenheiro e da Engenheira Civil!
Fontes e referências
1ª aluna de engenharia civil da USP São Carlos teve de desenhar barba e bigode. Estadão Educação. Outubro, 2013.
Conheça a história da engenheira Enedina Alves Marques. Gazeta do Povo. Outubro, 2013.
Sobre Joaquim Cardozo. Por Gauss Cordeiro. Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. 2012.
Joaquim Cardozo, o poeta dos cálculos. Agência Brasília. Julho, 2019.
Escola Politécnica (1891-1920). Memória da Administração Pública Brasileira. Março, 2019.
João Teixeira Soares, o esteta da engenharia de um Brasil em construção. Exame Negócios. Setembro, 2021.
História da Engenharia no Brasil – Pedro Carlos da Silva Telles, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 1984.
Dia Internacional das Mulheres: mulheres que inspiram, que motivam, que constroem histórias. CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. 2018.
Academia Nacional de Engenharia. Membros. José Carlos Sussekind.