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Brasil constrói estrutura para simular mudanças climáticas na Amazônia

No coração da Amazônia, o Brasil está construindo uma estrutura sem precedentes – um complexo de torres dispostas em seis anéis, prontas para pulverizar névoas de dióxido de carbono na floresta tropical.

Mas o motivo é totalmente terrestre: entender como a maior floresta tropical do mundo responde às mudanças climáticas.

Apelidado de AmazonFACE, o projeto investigará a notável capacidade da floresta de sequestrar dióxido de carbono – uma peça essencial no quebra-cabeça da mudança climática mundial.

Isso ajudará os cientistas a entender se a região tem um ponto de inflexão que pode levá-la a um estado de declínio irreversível. Tal evento temido, também conhecido como o desaparecimento da floresta amazônica, transformaria a floresta mais biodiversa do mundo em uma paisagem mais seca semelhante à savana.

O projeto AmazonFACE

FACE significa Free Air CO2 Enrichment, algo como Enriquecimento de CO2 de ar livre. Essa tecnologia desenvolvida pela primeira vez pelo Brookhaven National Laboratory, localizado perto da cidade de Nova York, tem a capacidade de modificar o ambiente ao redor das plantas em crescimento de uma forma que replica os níveis futuros de concentrações atmosféricas de dióxido de carbono.

“As plantas absorvem dióxido de carbono junto com água e luz para produzir açúcares e liberar oxigênio. O que acontece quando se aumenta essa entrada? Não sabemos”, disse David Lapola, um dos principais cientistas do projeto, à Associated Press. “Temos evidências de experimentos semelhantes em florestas temperadas, mas não há garantia de que o comportamento será o mesmo aqui na Amazônia”.

Trabalhadores aparecem em uma torre que fará parte de um complexo de torres dispostas em seis anéis para pulverizar dióxido de carbono na floresta tropical ao norte de Manaus, Brasil. Cada anel consistirá em 16 torres de alumínio com a altura de um prédio de 12 andares. O objetivo é entender como a maior floresta tropical do mundo responde às mudanças climáticas. (Foto AP/Fernando Crispim).

Lapola, professor da Universidade Estadual de Campinas, argumenta que o ponto de inflexão da floresta amazônica está mais provavelmente ligado às mudanças climáticas do que à taxa de desmatamento. Assim, é crucial estudar o impacto de maiores concentrações de dióxido de carbono na floresta para entender o que vem pela frente.

Essa perspectiva desafia o amplamente citado estudo do cientista do sistema terrestre Carlos Nobre. Segundo Nobre, se o desmatamento atingir um limite crítico de 20% a 25% em toda a Amazônia, o equilíbrio do sistema pluviométrico da região será interrompido, levando à transformação da exuberante floresta tropical em savana.

A construção dos dois anéis iniciais está em andamento e espera-se que estejam operacionais no início de agosto. Cada anel consistirá em 16 torres de alumínio com a altura de um prédio de 12 andares. O dióxido de carbono será fornecido por três empresas para evitar qualquer desabastecimento.

Situado a 70 km ao norte de Manaus, o projeto é liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, uma instituição federal, com apoio financeiro do governo britânico, que prometeu US$ 9 milhões. Deve estar totalmente operacional em meados de 2024.

Fonte: CTV news.

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