O projeto do Radiotelescópio Bingo, o primeiro do Brasil, teve recentemente a publicação de sete artigos na revista científica Astronomy & Astrophysics sobre como será o desenvolvimento do equipamento, projetado para pesquisas nas áreas de astrofísica e cosmologia.
Liderado pela USP, com colaboração internacional, o projeto está construindo um radiotelescópio em Aguiar, município no sertão da Paraíba, que deve começar a operar no primeiro semestre de 2023.
O objetivo é mapear e analisar emissões de gases no céu, captadas como ondas de rádio, para entender o funcionamento de uma das regiões mais desconhecidas do Universo, o setor escuro.
A colaboração conta também com o instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com a Europa, com a China e com a Universidade Federal Campina Grande (UFCG).
O trabalho de preparação para a instalação já dura 12 anos.
“O objetivo do radiotelescópio é múltiplo, mas em especial de mapear a matéria escura do universo, que representa até 96% de todo o conteúdo material do universo”, afirmou o físico e professor da USP Elcio Abdalla, um dos líderes do projeto, à CNN Rádio.
Segundo ele, ainda há uma meta tecnológica para o telescópio de “sensoriamento remoto”, com questões novas dentro da tecnologia, da educação e divulgação da ciência, além do desenvolvimento regional para a Paraíba.
Desde o início do projeto, foram investidos R$ 30 milhões na construção do radiotelescópio, com a maior parte dos recursos vindos da Fapesp, da Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do governo da Paraíba, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), além de contribuições da China e de outros países.
Atualmente em Aguiar, na Serra da Catarina, já estão em obras a estrada de acesso e os alicerces que receberão a estrutura de sustentação do radiotelescópio, em fabricação na China.
Segundo seus idealizadores, essa estrutura receberá duas antenas e um conjunto óptico de 28 cornetas, cada uma com 1,8 metro de abertura e 5 de comprimento, responsáveis pela captação das emissões em radiofrequência, projetadas no IF e que estão sendo feitas numa indústria em São Paulo.
A parte eletrônica do equipamento, que fará a limpeza do sinal e sua análise, está em elaboração no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e na UFCG, e o projeto irá dispor de computadores de alta potência importados dos Estados Unidos.
O plano é que as obras estejam concluídas e a calibração do equipamento de observação tenha início no primeiro semestre de 2023.
Fontes: Jornal da USP e CNN.