A gente sente que, em dia de verão quente, o calor no meio de uma cidade é maior do que na região de mata ao redor.
Esse é um fenômeno chamado de Ilha de Calor Urbano, em que as temperaturas nas cidades tendem a ser vários graus mais altas do que nas áreas rurais, sendo de 2 a 4º C mais quentes do que o campo em praticamente todos os continentes habitados.
Esse fenômeno ocorre porque a infraestrutura urbana absorve muito calor em comparação com superfícies com vegetação natural. Isso é chamado de poluição por calor, e causa custos mais elevados de ar-condicionado e água, além de representar um perigo para a saúde pública.
Na busca de soluções para esse problema, a chamada infraestrutura cinza já existe e envolve a modificação de superfícies como paredes, telhados e pavimentos, com o objetivo de diminuir seu efeito de aquecimento convencional.
Para se ter uma ideia, as superfícies urbanas típicas têm uma refletância solar de 0,20, o que significa que refletem apenas 20% da luz solar e absorvem até 80%. Em contraste, o concreto refletivo e alguns revestimentos podem ser projetados para refletir de 30 a 50%.
A cidade de Los Angeles, por exemplo, já usa revestimentos reflexivos em algumas ruas para combater o calor. No entanto, embora a solução seja ótima, ela pode ser cara para se implementar em uma cidade inteira.
Devido a isso, pesquisadores da Escola de Engenharia Swanson, da Universidade de Pittsburgh (Estados Unidos) usaram um modelo de dinâmica de fluidos computacional para encontrar maneiras de diminuir o custo e aumentar o uso dessas superfícies mais “frias”.
O artigo foi publicado no dia 09 de junho desse ano, na revista Nature Communications, e examinou a possibilidade de modificar essas superfícies em apenas metade de uma cidade.
Uma solução eficaz encontrada na pesquisa foi planejar a aplicação dessas superfícies na parte da cidade a montante da direção dominante do vento. Para o autor principal do artigo, Sushobhan Sem, essa “barreira” de superfície fria poderia resfriar preventivamente o ar quente, que então resfriaria o resto da cidade a jusante.
O mais interessante é que a pesquisa oferece aos planejadores urbanos e engenheiros civis uma maneira adicional de construir uma infraestrutura resiliente e sustentável usando recursos limitados.
Como salienta o co-autor do artigo, Lev Khazanovich, professor titular de Engenharia Civil e Ambiental da universidade: “Superfícies reflexivas estrategicamente colocadas podem maximizar a mitigação da poluição do calor ao mesmo tempo em que usam recursos mínimos.”
Referências
Sushobhan Sen, Lev Khazanovich. Limited application of reflective surfaces can mitigate urban heat pollution. Nature Communications, 2021.
University of Pittsburgh. Civil engineers examine urban cooling strategies using reflective surfaces. ScienceDaily. ScienceDaily. Junho, 2021.