O setor da construção civil é um ramo marcado pela presença de homens. No Brasil, o número de postos ocupados por mulheres no setor é significativamente menor do que a dos por homens.
Para mudar esse cenário, muitos projetos são desenvolvidos para estimular a atuação de mulheres na área.
Conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o número de postos ocupados por mulheres na construção, em 2021, foi de, aproximadamente, 250 mil. Em 2020, essa quantidade atingiu cerca de 216 mil. No entanto, quando comparadas com o grupo masculino, as taxas são discrepantes. Em 2020, os postos ocupados por homens foi de quase 1,9 milhões. Já em 2021, esse número aumentou para pouco mais de 2 milhões.
Para quem deseja acompanhar iniciativas que incentivam uma maior participação das mulheres no setor da construção civil, Jennifer de Carvalho da revista Casa e Jardim selecionou cinco trabalhos com esse viés. Confira!
1. Mulheres Constroem
Com sede na capital paulista, o grupo Mulheres Constroem foi idealizado em 2020 pela arquiteta e especialista em Gestão de Projetos na Construção Civil, Renata Presidio. Em março de 2023, a empresa foi fundada após a aliança com Carolina Eysen, arquiteta e especialista em Gestão de Negócios Imobiliários e Construção Civil.
O projeto conta com 20% de mão-de-obra feminina no time e oferta de treinamentos técnicos e de liderança, com o foco no empoderamento das mulheres. O intuito é gerar uma mudança estrutural na área da construção civil.
Uma das motivações para a realização do trabalho foi a observação da falta de mulheres trabalhando com homens nos canteiros de obras. Renata e Carolina destacam, ainda, que quando elas são vistas, geralmente, atuam como arquitetas e engenheiras e, na maioria das vezes, são mulheres brancas, heterossexuais e cisgêneros.
Outra inspiração foi uma das 17 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), que destaca a necessidade mundial sobre o alcance da igualdade de gênero. Além disso, a fundação do Mulheres Constroem busca diminuir a desvalorização das profissionais no setor e promover um debate sobre o assédio na construção civil.
2. Programa Mulheres Construindo Autonomia na Construção Civil
A iniciativa foi criada pelo Governo Federal, em 2012, como um meio para oferecer capacitações a mulheres se formarem no setor da construção civil. O programa é voltado para pessoas de baixa renda, em que os cursos de formação buscam auxiliar a inserção desse público no mercado da área de construção.
O programa conta com a parceria de prefeituras para realizar a formação das mulheres. Na época de sua criação, a ideia da ação também era realizar contratações para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa Minha Vida.
3. Projeto Mão na Massa
Idealizado pela engenheira civil Deise Gravina, o Projeto Mão na Massa – Mulheres na Construção Civil nasceu em 2007, no Rio de Janeiro. A iniciativa oferece cursos para mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica, chefes de família e, também, que sofrem com violência doméstica.
A profissionalização abrange diversas áreas, como pedreira de alvenaria, parte elétrica e hidráulica, carpintaria de obra e pintura. Já foram mais de 1.400 alunas formadas na área da construção civil. O projeto é realizado pelo Abrigo Maria Imaculada, com parceria da Petrobrás.
Em 2021, o Mão na Massa formou mais de 130 participantes na Bahia, além da construção de seis centros comunitários.
4. Concreto Rosa
Fundada por Geisa Garibaldi, a Concreto Rosa foi oficializada em 2015 após a criadora ter tido sua mãe como referência – que foi construindo sua casa aos poucos. Geisa também sempre gostou de fazer reparos, pintar e trocar o chuveiro.
A organização busca atender mulheres e ter um time diverso, com a inclusão feminina nas mais variadas áreas, como engenharia, arquitetura, pintura, reparo residencial, elétrica, hidráulica e design de interiores.
A ideia também é estimular a construção de um diálogo em um setor com espaço para todos. Aliás, o surgimento da empresa também aconteceu após a percepção da escassez de mão-de-obra feminina nos serviços diários da área.
5. Mulher em Construção
A ONG Mulher em Construção foi fundada por Bia Kern e criada a partir de um projeto-piloto implementado em 2006, no município de Canoas, no Rio Grande do Sul. Conforme Camila Alhadeff, diretora da ONG, a ideia de Bia era “mostrar à mulher economicamente desfavorecida que ela tem força e talento para vencer, com seu próprio trabalho”.
A fundadora buscou firmar parceria com professores voluntários e empresas do setor da construção civil para ensinar mulheres sobre técnicas de pintura de prédios e texturas. “Já capacitamos mais de 6 mil mulheres em diferentes áreas, como hidráulica, pintura e alvenaria”, destaca Camila.
Além do Rio Grande do Sul, a ONG também atua em São Paulo. A realização do trabalho é possibilitada por doações tanto de pessoas físicas quanto de empresas. “Acreditamos que as mulheres podem estar em qualquer lugar e que, com capacitação, uma rede de apoio e independência econômica, elas vão longe.”
Fonte: Revista Casa e Jardim.